segunda-feira, 30 de agosto de 2010

No séc. XXI tal como no séc. XIX


“Decerto tinha tido amantes, mas o conhecimento dos homens tornava o seu amor mais apreciado. É tão fácil agradar a uma pobre burguesa que não vê senão as chinelas do marido e a rabugice dos filhos; é tão fácil seduzir uma rapariga de dezoito anos, ainda com as imaginações do colégio e as ambições de maternidade que lhe deu a boneca! Mas uma mulher que conhece os homens tão profundamente, a quem as desilusões repetidas deram cepticismos, a quem o atrito das sensações trouxe a inércia da saciedade… uma mulher assim, que glória interessá-la. É o mesmo prazer áspero que se deve sentir em tornar católico um ateu.”
Eça de Queirós, in A Tragédia da Rua das Flores

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