terça-feira, 29 de junho de 2010

O Português


“O estado que melhor convém ao português é o da revolução passiva. Não age, não se adapta, mesmo ao que parece fazer parte das suas convicções mais profundas. Entre o delírio e a melancolia, entre a exigência e a queixa, prefere esperar a sua vez e congratular-se com os acontecimentos emblemáticos duma era que nunca existiu ou de que nunca virá a aproveitar-se.

O português não é conflituoso, é desordeiro. O conflito está na mente; a desordem está no coração. O legislador tem que compreender que isso é uma dificuldade. O lado lúdico da vida, como acontece com as crianças, é mais apetecível do que o lado filosófico. Como os gregos, o português não aprende com o passado, não lhe dedica atenção de maior; prefere seguir o impulso da sua curiosidade que o leva a algum lugar que não pode coincidir com os seus desejos.”

Agustina Bessa-Luís, in “Fama e Segredo na História de Portugal”

ACT - Acceptance and Commitment Therapy


"ACT therapist helps clients see that their struggles largely result from minds and the language they produce, rather than their direct experience."

Ah pois é...


Ontem aconteceu-me uma das coisas que mais levanta o ego a uma mulher...

E eu sei porque isto aconteceu:
quando estou com bom ar, com a aura brilhante, bem disposta, irradio luz que atrai simpatia...

Ai, isto já me aconteceu antes...

domingo, 27 de junho de 2010

Palavras como mudança, crise, ruptura, vida, coração, mente, emoções e pensamentos


"Ao contrário do que muitos pensam, as mudanças, as crises e as rupturas não servem como testes da vida para nos derrotar e saber se somos suficientemente bons. A vida testa-nos para abrirmos o nosso coração e a nossa mente para novas direcções, oportunidades e aspectos de nós mesmos. A vida é uma viagem e fazê-la centrados, fortalece-nos. Muito para além dos perigos e do sofrimentos, os sempre imprevisíveis testes da vida também nos incitam a ultrapassarmo-nos.
Como a vida de todos nós é feita de períodos de mudança e transformação, não temos como fugir das crises, que são naturais. Podemos, porém, aprender a lidar com elas. É algo que exige amadurecimento das emoções e controlo dos pensamentos."
Sofia Menezes, in Happy Woman

sábado, 26 de junho de 2010

Tenho pensado nisto...

(clicar na imagem)



quarta-feira, 23 de junho de 2010

Gosto de David Bowie


ADORO esta música e adorei esta versão e este vídeo...



sábado, 19 de junho de 2010

Já a Natália Correia o dizia...


"A minha teoria é que as mulheres com mais carisma se safam melhor no trabalho e menos bem no amor.
No trabalho, qualquer chefe sabe que precisa duma mulher determinada.
No amor, é sabido que os homens fogem a sete pés das decididas.
Por isso é que os meus amigos gostam de choninhas e as outras andas solteiras ainda que bem empregadas.
Estas mulheres não apostaram na carreira em detrimento do amor. Nada disso. Safaram-se foi no trabalho porque alguém teve olho para elas. (...)
Ser-se choninhas não sei se é uma escolha. Há gente que já nasceu desinteressante ainda que bonitinha."
Cidália Dias

Dedico este pequeno texto às minhas amigas Cristina e Laura... elas sabem no que estou a pensar!!! (e não são nada choninhas, antes pelo contrário)

quinta-feira, 17 de junho de 2010

Uma boa mistura, com boa batida


Passou nos melhores lounges...


quarta-feira, 16 de junho de 2010

Well I've been loved so I know just what love is


Às vezes é difícil ouvir uma música que traz à memória uma pessoa, um local, um momento, um sentimento...
Mesmo que essa música não tenha lá estado...
Mesmo que tenhamos tocado com a vida para a frente, sejamos felizes e aquela pessoa não faça mais parte da nossa actualidade...
Mesmo assim, dá vontade de fazer como nos filmes...
Dá vontade de largar tudo e voltar a viver só mais um momento, só mais um beijo demorado, só mais um calor...
Às vezes só para nos lembrar que a nossa vida podia ser diferente, se as nossas escolhas fossem também diferentes...
Às vezes só para lembrar que, se as escolhas foram nossas, então o caminho foi o certo.
Adriana


George Michael - Jesus to a child

terça-feira, 15 de junho de 2010

"A Conquista da Felicidade", parte 1.6 (A Inveja)


“Depois da inquietação, a inveja é provavelmente uma das mais poderosas causas de infelicidade. A meu ver é mesmo uma das paixões mais universais e mais profundamente enraizadas no homem.”

“A inveja desempenha um papel muito importante na vida da maior parte das mulheres respeitáveis. Quando no metropolitano passar por vós uma mulher bem vestida, observai os olhares das outras mulheres. Vereis que todas, possivelmente com excepção das que estão ainda mais bem vestidas do que ela, a seguem com olhares malévolos e se esforçam por tirar do facto deduções depreciativas. O amor ao escândalo é uma expressão dessa malevolência geral: qualquer história contra outra mulher é imediatamente acreditada, mesmo que as provas sejam insignificantes. Uma moralidade austera é utilizada com o mesmo propósito: as que têm oportunidade de pecar são invejadas e considera-se uma virtude puni-las por esses pecados. Esta forma especial da virtude tem certamente a sua própria recompensa.”

“De todas as características que são vulgares na natureza humana a inveja é a mais desgraçada; o invejoso não só deseja provocar o infortúnio e o provoca sempre que o pode fazer impunemente, como também se torna infeliz por causa da sua inveja. Em vez de sentir prazer com o que possui, sofre com o que os outros têm. Se puder, priva os outros das suas vantagens, o que para ele é tão desejável como assegurar as mesmas vantagens para si próprio. Se uma tal paixão toma proporções desmedidas, torna-se fatal a todo o mérito e mesmo ao exercício do talento mais excepcional.”

Afortunadamente, porém, há na natureza humana um sentimento compensador, chamado admiração. Todos os que desejem aumentar a felicidade humana devem procurar aumentar a admiração e diminuir a inveja.”

“Mas, pondo os santos de parte, o único remédio para a inveja, no caso dos homens e mulheres vulgares, é a felicidade; o pior é que a própria inveja representa um obstáculo terrível para a felicidade.”

“Mas o invejoso pode pensar: “De que serve dizerem-me que o remédio para a inveja é a felicidade? Eu não posso encontrar felicidade enquanto sinto inveja e dizem-me que não posso deixar de ser invejoso enquanto não encontrar a felicidade.” Mas a vida real nunca é tão lógica. Compreender somente as causas da sua própria inveja já é dar um grande passo em direcção à cura.
O hábito de pensar em termos de comparação é um hábito fatal. Tudo o que nos sucede de agradável deve ser plenamente apreciado, sem que ninguém se detenha a pensar que isso não é tão agradável como alguma coisa mais que possivelmente tenha acontecido ao vizinho.”

O homem sensato não deixa de sentir prazer com o que tem pelo facto de alguém ter mais ou melhor. A inveja, na realidade, é uma forma de vício, em parte moral, em parte intelectual, que consiste em não ver as coisas em si mesmas mas somente em relação com outras.”

“Para tudo isto o remédio próprio é a disciplina mental, o hábito de não alimentar pensamentos inúteis. Depois de tudo, o que é mais invejável do que a felicidade?”

“Pode-se combatê-la, sim, pelo gozo dos prazeres que se nos oferecem, pelo trabalho que tivermos de realizar e evitando comparações com aqueles que imaginamos, talvez sem razão, mais ditosos do que nós.
A falsa modéstia tem um grande papel na inveja. A modéstia é considerada como uma virtude, mas eu duvido que nas suas formas mais extremas mereça ser considerada como tal. As pessoas modestas carecem muito que as tranquilizem e geralmente não se atrevem a ensaiar tarefas que não sejam capazes de executar perfeitamente. As pessoas modestas julgam-se eclipsadas por aqueles com quem habitualmente convivem e por isso são particularmente inclinadas para a inveja origina descontentamentos e má vontade.”

“A inveja, bem entendido, está estreitamente ligada ao espírito de competição.”

a fadiga, particularmente, é com frequência a causa da inveja. Se um homem se sente incapaz de executar o seu trabalho, sofre um descontentamento geral que tem tendência para tomar a forma de inveja em relação àqueles cujo trabalho é menos exigente. Um dos meios para diminuir a inveja, portanto, é diminuir a fadiga. Mas o mais importante ainda é garantir uma vida que satisfaça o instinto. Muitas invejas que parecem puramente profissionais têm na realidade uma origem sexual.”

Para encontrar a saída conveniente desse desespero, o homem civilizado tem de engrandecer o coração como engrandeceu o espírito. Deve aprender a transcender-se e, ao fazê-lo, a adquirir a liberdade do universo.”
Bertrand Russel

segunda-feira, 14 de junho de 2010

Inside


Uma música da minha adolescência, que já não ouvia há muitos anos...



quinta-feira, 10 de junho de 2010

Dia de Portugal


Hoje é Dia de Portugal.
Para mostrar como somos bons, que temos motivos de orgulho...
Que não é preciso andar sempre a lamentar,
Que não é preciso andar sempre a pensar no que não temos,
Que não é preciso andar sempre a deprimir...
(e podia continuar, mas não vou bater no "ceguinho"!!!)



domingo, 6 de junho de 2010

“A Conquista da Felicidade”, parte 1.5 (A Fadiga)


“Há várias géneros de fadiga, mas alguns são obstáculos mais importantes à felicidade do que outros. A fadiga puramente física, desde que não seja excessiva, é de certa maneira causa da felicidade; dá um sono profundo e um bom apetite, e empresta melhor sabor aos prazeres que os ócios permitem. Mas quando essa fadiga é excessiva torna-se muito perigosa.”

“O género de fadiga que presentemente é mais importante nesses países [mundo moderno] é a fadiga nervosa. Esta fadiga, por estranho que pareça, é mais frequente nas pessoas abastadas e atinge com maior facilidade os homens de negócios e os intelectuais do que os assalariados.”

“Outra causa da fadiga, da qual quase não nos apercebemos, é a constante presença de estranhos. O instinto natural do homem, como o dos outros animais, é de observar todos os estranhos da sua espécie, com o propósito de descortinar se cada um deles se comportará como amigo ou como inimigo. Esse instinto tem de ser reprimido pelos que viajam no metropolitano nas horas de maior afluência, e o resultado dessa inibição é sentirem uma raiva geral e difusa contra todos os estranhos com os quais estão involuntariamente em contacto.”

“Em grande parte uma tal fadiga é devida a inquietações que poderiam ser evitadas por uma melhor filosofia da vida e um pouco mais de disciplina mental. A maior parte dos homens e mulheres não governam eficazmente os seus pensamentos. Quero com isto dizer que eles não podem deixar de pensar nos assuntos que os atormentam, mesmo quando nesse momento nenhuma solução lhes podem dar. Os homens levam muitas vezes para a cama as suas inquietações em matéria de negócios e, durante a noite, quando deviam ganhar novas forças para enfrentar os dissabores do dia seguinte, é nelas que pensam, repetidas vezes, embora nesse instante nada possam fazer; e pensam nos problemas que os inquietam, não de forma a encontrar uma linha de conduta firme para o dia seguinte, mas nessa semidemência que caracteriza as agitadas meditações da insónia. De manhã, qualquer coisa dessa demência nocturna persiste ainda neles, obscurece-lhes o julgamento, rouba-lhes a calma, de forma que qualquer obstáculo os enfurece. O homem sensato só pensa nas suas inquietações quando julga de interesse fazê-lo; no restante tempo pensa noutras coisas e à noite não pensa em coisa nenhuma. Não quero dizer que numa grande crise, por exemplo, quando a ruína está iminente, ou quando um homem tem razões para suspeitar que a mulher o atraiçoa, seja possível, a não ser a alguns espíritos excepcionalmente disciplinados, afastar o tormento nos momentos em que nada se pode fazer para o remediar. Mas é perfeitamente possível afastar as pequenas inquietações de todos os dias, a não ser que seja necessário enfrentá-las. É surpreendente como a felicidade e a eficiência aumentam quando se cultiva um espírito ordenado que pensa adequadamente no momento preciso em vez de inadequadamente em todos os momentos. Quando uma decisão difícil tem de ser encontrada, logo que se reúnem todos os dados aplica-se ao assunto a melhor reflexão e decide-se; essa decisão, uma vez tomada, não deve ser corrigida, a não ser que se chegue ao conhecimento de novos factos. Nada é tão fatigante como a indecisão e nada é tão fútil.

“Mas mais importante do que estas considerações egocêntricas é o facto do nosso Eu não ter um grande lugar no mundo. O homem que pode concentrar os seus pensamentos e as suas esperanças em qualquer coisa de transcendente em relação a si mesmo, pode encontrar uma certa paz no seio das habituais inquietudes da vida, o que é impossível a um egoísta puro.”

Na vida moderna, o género de fadiga de maior importância é sempre de natureza emocional; a fadiga puramente intelectual, como a fadiga puramente muscular, encontra o seu próprio remédio no sono. (…) O mal que se atribui ao trabalho excessivo raramente é devido a essa causa, mas sim, de alguma maneira, à inquietação ou à ansiedade. O que torna perigosa a fadiga emocional é o facto de interferir com o repouso.”

A maior parte do inconsciente consiste no que outrora foi pensamento consciente altamente emotivo e ora se tornou oculto. É possível realizar deliberadamente esse processo de ocultação e dessa forma o inconsciente pode ser levado a fazer muito trabalho útil. Tenho verificado, por exemplo, que se tenho de escrever sobre algum assunto muito difícil o melhor plano é pensar nele com grande intensidade – a maior intensidade de que sou capaz – durante algumas horas ou alguns dias, e no final desse tempo ordenar, por assim dizer, que o trabalho prossiga inconscientemente. Depois de alguns meses, volto conscientemente ao assunto e verifico que o trabalho se realizou.”

“Quando alguém se sente atraído por qualquer ansiedade, não importa qual, o melhor processo é pensar nela ainda mais do que pensaria naturalmente, até que por fim a mórbida fascinação desaparece.”

Uma mulher que é corajosa deve esconder esse facto se quiser agradar aos homens. Pensa-se mal do homem que de nada tem medo, a não ser de um perigo físico. A indiferença para com a opinião pública, por exemplo, é considerada como um desafio e a sociedade faz o que pode para punir quem ousa escarnecer da sua autoridade. Tudo isto é inteiramente o contrário do que devia ser.”

“Uma das piores características da fadiga nervosa é a que age como uma espécie de separação entre o homem e o mundo exterior. As impressões atingem-no como que esbatidas, sem vigor; só repara nas pessoas para se irritar com pequenos artifícios e maneirismos; não encontra prazer nas refeições nem no brilho do sol, e tende a concentrar-se sobre raros objectos e a ser indiferente para todos os outros.”

Bertrand Russel

sábado, 5 de junho de 2010

The Wall


“Every gun that is made, every warship launched,
Every rocket fired signifies, in the final sense,
A theft from those who hunger and are not fed,
Those who are cold and are not clothed.”
Dwight David Eisenhower, “The Chance for Peace,”