quarta-feira, 20 de outubro de 2010

"A Conquista da Felicidade", parte 2.7 (Esforço e resignação)

“É necessário recorrer ao meio-termo para estabelecer o equilíbrio entre o esforço e a resignação.”

“A felicidade não é, a não ser nalguns casos muito raros, uma coisa que caia na boca como um fruto maduro pelo simples concurso de circunstâncias propícias. (…) Pois num mundo tão cheio de infortúnios evitáveis e inevitáveis, de doenças e complicações psicológicas, de luta, miséria e má vontade, o homem ou a mulher que quiser ser feliz tem de encontrar os meios de lutar contra as múltiplas causas de infelicidade a que todos os indivíduos estão expostos.”

“A felicidade deve ser, para a maior parte dos homens e mulheres, uma realização mais do que uma dádiva dos deuses e nessa realização o esforço, tanto interior como exterior, representa um papel muito importante.

"Um certo desejo de poder deve ser, portanto, aceite como parte do equipamento dos homens com que pode ser formada uma sociedade sã.”

Muitas pessoas impacientam-se ou encolerizam-se por qualquer ninharia que não corre ao seu gosto, e assim desperdiçam uma grande quantidade de energia que podia ser empregada com maior utilidade.”

“Algumas pessoas são incapazes de suportar com paciência esses pequenos dissabores que compõem, se a isso lhes dermos azo, uma grande parte da nossa vida. Ficam furiosos quando perdem o comboio, cheios de raiva quando o jantar está mal cozinhado, desesperados quando o fogão enche a casa de fumo, e proferem ameaças terríveis contra toda a organização industrial quando a roupa tarda a chegar da lavandaria. A energia que essas pessoas desperdiçam em tais insignificâncias, seria suficiente, se fosse bem empregada, para fazer e desfazer impérios.”

“A inquietação, a impaciência e a irritação são emoções que para nada servem. Os que as sentem com intensidade afirmam que são incapazes de as dominar, e eu tenho a impressão que elas não podem ser vencidas senão com um pouco dessa resignação fundamental de que falámos anteriormente.”

Um certo género de resignação está compreendido na disposição para enfrentar a verdade tal como ela é; essa resignação, embora de princípio possa causar sofrimento, acaba por dar uma protecção – em verdade a única protecção possível – contra os desapontamentos e desilusões a que está sujeito aquele que se engana a si próprio.”
Bertrand Russel

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