segunda-feira, 4 de janeiro de 2010

"Fernão Capelo Gaivota", Richard Bach



Li o livro em 4 horas... eis os meus pensamentos durante a leitura:



- “devo voar para junto do Bando e contentar-me com aquilo que sou.” Ao ler esta parte, o meu pensamento foi imediatamente para as tuas mãos a desenharem no volante do teu carro, aquilo que na altura fez sentido mas agora não. Três patamares, estás no meio, o de cima fascina-te e sabes que consegues lá chegar. Mas… ficas-te. Continuas na ‘zona de conforto’.

- Continuo a leitura: “Sentiu-se melhor depois de ter tomado a decisão de ser apenas mais uma do bando (…) não haveria mais desafios nem fracassos.” Isto é morrer.

- “temos uma razão para viver! Podemos sair da ignorância, podemos ser criaturas perfeitas, inteligentes e hábeis. Podemos ser livres.” Paro novamente para escrever: razão para viver. Exacto. Quantos de nós tem uma razão para viver? Acredito que poucos. E quando essa razão acaba ou desaparece? Deixamos de querer viver? Alguns sim, outros encontram outra razão para viver. É aqui que mais uma vez nos distinguimos. Não digo que somos ’criaturas perfeitas, inteligentes e hábeis’, parecem-me adjectivos demasiado presunçosos. Fico-me pelo ‘livres’.

- Nova paragem: “não quero honras,(…) só quero partilhar o que descobrir.” Isto fez-me lembrar Lao-Tsé: “O sábio tudo realiza e nada considera seu/Tudo faz – e não se apega à sua obra.”

- “O seu único desgosto não era a solidão.” Mas a solidão é uma das consequências de quem quer subir um nível; as outras pessoas começam a parecer-nos longínquas no que diz respeito à força interior, coragem, auto-confiança. Ficaram lá.

- “Acabou uma aprendizagem e chegou a hora de começar outra.” Lá está, constantes desafios, constantes obstáculos, constantes novas metas. Eu só quero chegar a velhinha, ter as minhas artroses, muitas rugas na cara e sorrir… O sorriso de satisfação e de concretização. E poder ir-me embora com a sensação de que vivi os anos em que estive viva.

- “Havia um limite… um limite que lhe exigiria esforço a ultrapassar.” O que é fácil não dá prazer.

- “Fomos de um mundo para o outro (…) sem nos preocuparmos com o destino, vivendo o momento. Fazes alguma ideia de quantas vidas teremos de viver antes de compreendermos que há coisas mais importantes?” Não temos mais do que uma vida, mas temos experiências e são essas mesmas experiências e situações que podem ser oportunidades para mudarmos de vida (ou atingirmos a perfeição como diz o autor).

- “as mesmas regras se aplicam, agora, a nós: escolhemos o nosso mundo através do que aprendemos neste. Se não aprendermos nada, então o próximo mundo será igual a este, com as mesmas limitações e obstáculos a vencer.” Parece fácil, toda a mudança depende de nós, só de nós.

- “Podemos começar a trabalhar com o tempo se quiseres (…) e então estarás preparado para saber o significado das palavras bondade e amor.” De facto, à medida que evoluimos ou sentimos subir na escala da vida, sentimo-nos mais tranquilos e isso dá doçura aos pequenos gestos, tornando-nos bondosos naturalmente. E passamos igualmente a valorizar de forma diferente o amor e a amar com todo o brilho tranquilo que trazemos no coração.

- “a sua forma de demonstrar amor era partilhar algo da verdade que ele próprio descobrira.” Na minha forma de ver, é a amizade dentro do amor, quando fazemos crescer a pessoa que está ao nosso lado e gostamos. E quando a pessoa que está a nosso lado não nos acompanha ou não nos quer acompanhar? Valerá a pena teimar? Puxar e sentir resistência… pratos da balança desequilibrados.

- “Vê mais longe a gaivota que voa mais alto.” Sair da “zona de conforto”, é isto, não é?

- “Perdoa-lhes e ajuda-as a compreender.” Não é preciso muito, está ao alcance.

- “Tu tens a liberdade de ser tu próprio, o teu verdadeiro eu, Aqui e Agora; nada se pode interpor no teu caminho.” A isto associo “A Maior Empresa do Mundo”, de Fernando Pessoa.

- “Deverão ser afastados todos os obstáculos que se levantem contra a liberdade, sejam por superstição, ritual ou limitação.” Quantos obstáculos morais existem na cabeça das pessoas que limitam as suas acções, que as impedem de atingir a satisfação e a felicidade, que a mantém no nível mediano?

- “A única diferença é que eles só agora começaram a entender o que realmente são e pôr em prática esse conhecimento.” Sabes, ainda falta tanto… mas as mudanças só aconteceram verdadeiramente após assumires o que está pendente.

- “O truque consiste em tentar ultrapassar as nossas limitações, com calma e paciência.” Para tal, a etapa zero é querer ultrapassar essas limitações.



As fotos são da minha autoria.
Em Setembro, aproximei-me dela... Três meses depois, é ela que se aproxima e toca...
Adriana

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