quinta-feira, 11 de março de 2010

Each Small Candle



“(…) A maioria das pessoas apaixona-se. Não uma, mas várias vezes ao longo de uma vida cada vez mais extensa. Apaixonam-se por figuras que num dado momento corporizam os seus desejos. Depois, desenvolvem relações com pessoas que têm história, personalidade e estilos de vida. Exactamente por isso, da mesma forma que se apaixonam, sofrem depois o processo inverso. Gasta-se a paixão no tempo do conhecimento do outro, por mais próximo que esteja do que se deseja, não permanece infinitamente como objecto, mas também se afirma como sujeito.

Acresce que existe mudança. Nós e os outros mudamos. Umas vezes lentamente, outras de forma brusca, deixamos de valorizar algumas coisas que noutras épocas eram sagradas, interessamo-nos por matérias que vislumbrávamos como insípidas, alteramos hábitos, gostos modelos, angústias, medos, fantasias e também desejos.

Mudamos. (…) Não nos casamos exclusivamente porque estamos apaixonados nem nos separamos por se gastar a paixão. Casamo-nos, divorciamo-nos e voltamos a casar porque isso é aceitável pelos nossos valores, pouco sancionado do ponto de vista social e possível em termos económicos e jurídicos. Ou seja, casamo-nos porque podemos e descasamo-nos pelas mesmas razões.

No meio de tudo isto fica a estranheza de continuarmos a acreditar e a defender casamentos baseados em sentimentos, achando ainda por cima que isso tem algum interesse social.”
Isabel Leal

Eu acho que acredito

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