Como está o meu espírito? Há dias em que me sinto alegre, outros furiosa, outros maravilhosa, outros desiludida. Entendo que poderemos conhecer-nos melhor se compreendermos essas sensações. Este blog é o meu dia-a-dia de sentimentos. Partilhem as vossas sensações e sensibilidades também.
domingo, 21 de março de 2010
My intentions couldn't have been purer
“Não há nada tão útil como sermos capazes de nos colocar nos sapatos dos outros.
Esta expressão castiça é uma metáfora adequada para uma das mais difíceis tarefas do crescimento humano que, por isso, é também sinal de um desenvolvimento sadio e harmonioso.
Podermos ver o mundo a partir de um outro ponto de vista é um exercício sofisticado que exige elaboração e trabalho para aceder à compreensão do outro.
(…) Aceder a outras formas de ser, pensar e agir é como embarcar numa incrível viagem. É ser capaz de sentir o diferente, apenas como tal, sem juízo de valor, sem comparação automática com o que nos é familiar, sem expectativa de imprimir mudança, sem defesas, sustos ou sensações de ameaça.
Quando somos capazes de nos pormos noutros sapatos, conseguimos perceber motivações, razões, comportamentos. Conseguimos de igual modo aceder à crueldade de uns, à doçura de doutros, à contenção rígida de mais uns tantos, à espantosa complexidade de emoções e raciocínios de todos eles.
De caminho, conhecemos múltiplos mundos, aprendemos a tolerância, ganhamos a sombra da tranquilidade que se atribui aos sábios e, talvez o mais importante, ficamos bem mais confortáveis nos nossos próprios sapatos.“
Isabel Leal
Assumo que é-me ainda muito difícil calçar os sapatos dos outros.
Confesso que talvez seja um dos meus piores defeitos, que, como consequência, leva-me a ser muito crítica perante alguns comportamentos e, desse modo, ainda pior pessoa.
Tenho a certeza que as minhas motivações são as melhores, porém este meu ímpeto de achar que a minha visão é que é a mais correcta faz com que muitas vezes me esqueça que as vidas são diferentes e, mesmo que fossem iguais, cada um é dono da sua.
Ultimamente tenho interagido com um grupo de pessoas que, penso, irão indirectamente contribuir para a correcção desta minha característica ou, pelo menos, irão aligeirar a minha teimosia em controlar tudo.
São pessoas que, independentemente de tudo, não devem ser julgadas… apesar de, subconscientemente, todos o fazermos.
São pessoas altas, são pessoas baixas, uns são mais magros, outros mais gordos; são mulheres, são homens, são jovens, são idosos; são pessoas saudáveis ou doentes, são pais, são filhos, são avós; uns são mais informados, outros mais ignorantes; a maioria tem trajectos de vida diferentes e terão desfechos mais diferentes ainda.
A alguns apetece perguntar “Porquê?”, a outros apetece mostrar como é fácil, a outros como poderia ter sido diferente, a outros que está tudo nas mãos deles… a alguns apetece gritar “basta”.
No entanto, eu nunca estive nos sapatos deles e, por isso mesmo, não cabe a mim julgá-los… resta-me ajudá-los… são sem-abrigo… são pessoas.
Adriana
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