domingo, 28 de março de 2010

A Arte de Decidir



"Temos de tomar decisões. A propósito de tudo e de nada, somos quotidianamente compelidos a tomar decisões. Algumas não têm grandes consequências mas outras, embora na altura nos pareçam de somenos, deixam rasto, até mesmo permanente, nas nossas vidas ou na nossa forma de viver.

(...) Podemos mesmo passar décadas sem nunca sentir necessidade de tomar decisões já que alguém por perto se oferece para o fazer por nós, como se permanecêssemos indefinidamente no mundo da infância.

(...) Depois, um dia, porque sim, temos de decidir mesmo.
Temos de equacionar se queremos um filho ou permanencer sem responsabilidades, se queremos ter um companheiro ou continuar sem compromissos, se queremos mudar de emprego ou não correr riscos, se queremos esforçar-nos para atingir objectivos ou desistir deles.

Um dia, o carril acaba e ficamos por conta própria a perceber que não se pode ter tudo nos nossos próprios termos. Que escolher um caminho significa abandonar um outro, e que não escolher acaba por ser uma opção de não envolvimento que na prática resulta como se se tivesse escolhido."
Isabel Leal

Grande tema.
Um tema que me é querido... talvez por ser muito resoluta, talvez por saber o quanto é importante QUERER escolher, ter força para se escolher e não deixar que as escolhas não tomadas nos atormentem como bolas de ferro que não nos deixam avançar.

De facto, há uns anos atrás, achava que demorava muito tempo a tomar uma decisão, mas quando a tomava, era até ao fim, não mudava de ideias nem ficava a pensar se tinha sido a melhor opção.

Hoje, penso de modo diferente: já não me custa tanto decidir, porque comecei a interpretar os sinais que apareciam à minha frente. Consigo, hoje, sentir o quanto as "coisas" pendentes me fazem mal e saber que a decisão só depende de mim e que vai solucionar o meu mal-estar. Consigo sentir quando o sangue começa a ficar espesso e com dificuldade em passar pelos meus vasos; aí sei que tenho de agir rapidamente, que tenho de levantar a cabeça, olhar à minha volta e procurar o sinal que me vai indicar qual o caminho.

E, então, se o caminho é o errado?
Para mim, nunca é o errado. Errado é o caminho que se toma sem decidir (ou porque deixamos andar ou porque outras pessoas decidiram por nós). Quando sou eu a escolher, só consigo ver dourados e prateados, não existem negros a decorar o meu caminho, o que não significa que não haja obstáculos... depois de ultrapassados, há mais brilho do Sol à minha espera.

Compreendo que alguns de nós sejam mais resistentes à mudança, é natural, somos todos diferentes. Porém, vale a pena treinar, vale a pena ousar, vale a pena VIVER, vale a pena sermos os actores da nossa própria vida, vale a pena viver a liberdade que temos disponível, vale a pena sermos nós próprios.

Acreditem que a energia que gastámos em resistir à mudança é maior do que a que precisamos para ir em frente...

Adriana

1 comentário:

isabel disse...

Muito pouco do que nos acontece, é fruto das nossas decisões 'conscientes'. Daí estar tão claro na tua cabeça (agora) que seguindo os sinais, a vida não custa tanto, e as coisas são mais faceis. Tudo aquilo que estás a fazer aqui (nesta vida) foi já por ti decidido, e se interiorizares esta verdade como sendo absoluta, e real, o sofrimento passa a ocupar uma parte infíma na tua vida. Não porque não deva fazer parte dela, faz e é através de algum desse sofimenro que crescemos, mas se aceitarmos que esse sofrimento foi estipulado por nós para nos tornarmos (tal como estamos condenados a ser) seres perfeitos, então tudo faz muito, mas muito mais sentido.