domingo, 24 de janeiro de 2010

"É preciso sentir a força da corrente..."



Ontem não chorei...

O desempenho da Eunice*, a morte como pano de fundo, a perda do único filho e do marido da vida inteira, não superaram a minha tristeza.
Precisava duma 'coisa' forte, de algo mais triste do que a minha tristeza, algo que me fizesse chorar...

Talvez não percebam, mas são as lágrimas que preciso chorar para soltar esta tristeza, este sentimento de vazio.
Não sinto que falhei, apenas sinto que dei o melhor de mim e que não chegou**, sentimento de insuficiência***.

São estas as lágrimas que finalmente consigo largar que me fazem aliviar...
São estas as lágrimas que me fazem respirar oxigénio em vez de monóxido que me estava a sufocar...
São estas as lágrimas que me fazem lembrar que sou feita de sal...

E a última lágrima?
A mais importante: aquela que tem efeito directo no cérebro e que me faz rir de mim própria.
Tão parva que eu sou, "mas porque é que estás assim? Só por causa dum exame? Por não reconheceram o teu trabalho e esforço? Lembra-te que há pessoas mais importantes que reconhecem o teu valor, o teu verdadeiro valor enquanto pessoa (e não como simples estudante)".

* "O Ano do Pensamento Mágico", peça de Joan Didion, com Eunice Munoz.
** mas não tem sido sempre assim, quando dás o teu limite é quando não consegues?
*** sim, eu sei que sou demasiado exigente comigo própria!

Adriana

1 comentário:

Isabel disse...

'O ano do pensamento mágico' também fui ver!!! Brutal a representação daquela que para mim é a maior Senhora do teatro Português